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terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Exame de Heteroidentificação

 


           Eu nunca pensei em qual característica predominante me faz ser negro. Então, quando hoje fui interpelado por um avaliador da banca de heteroidentificação de um concurso que fiz, a respeito de como me sinto em relação a ser negro, tive que pensar. Porque, na verdade, quem é negro, no caso preto (porque negro é quem nasce na África, e essa designação "negro" vem de uma afirmação baseada na teoria da eugenia, assim como todas as outras raças também foram criadas por pseudocientistas sem moral ou ética).

No século XIX, a eugenia emergiu como uma pseudociência que propunha a melhoria genética da humanidade por meio do controle reprodutivo, baseando-se em noções equivocadas de superioridade racial. Um dos principais defensores dessa teoria foi Francis Galton (1822–1911), primo de Charles Darwin e considerado o "pai da eugenia". Galton argumentava que características físicas e intelectuais eram hereditárias e que algumas raças eram "superiores" a outras.

Ao longo do século XX, cientistas e filósofos começaram a criticar duramente essas pseudociências, destacando sua falta de rigor metodológico e suas implicações éticas prejudiciais. A Segunda Guerra Mundial e os horrores do nazismo, que utilizaram ideias eugenistas para justificar genocídios, marcaram o declínio formal da eugenia como prática aceita. Contudo, seus resquícios ainda persistem em discursos racistas e preconceituosos.

O uso do termo "negro" como designação racial tem raízes históricas profundamente ligadas às pseudociências do século XIX, como a eugenia, que tentaram legitimar hierarquias raciais sem base científica. Cientistas como Francis Galton e Cesare Lombroso, bem como figuras brasileiras como Raimundo Nina Rodrigues, contribuíram para a disseminação dessas ideias em contextos locais e globais. Hoje, é fundamental reconhecer essas origens problemáticas e promover uma abordagem mais ética e inclusiva na discussão sobre raça e identidade.

Apesar de o IBGE já definir a população parda e preta do Brasil como negra, acho meio vaga essa definição. Gostei muito da maneira como um político, que conheci há alguns anos atrás, candidato a prefeito de Mesquita, no estado do Rio de Janeiro, durante uma conversa, chamou a população parda e preta do Brasil de "negro brasileiro". Acho que soa muito melhor que simplesmente "negro", porque não existem pessoas de pele escura só no Brasil nem na África; existem pessoas agraciadas pela presença exacerbada de melanina no maior órgão do corpo humano em todo o mundo, sejam elas retintas ou não. Por isso, definir uma pessoa de negra é uma afirmação muito genérica, além de não refletir muitas vezes como a pessoa realmente se sente, e também não reflete a realidade fenotípica do cidadão inferida numa cultura ou no âmbito social.

A definição de etnia é muito mais abrangente, aceitável e até muito mais científica e embasada que a definição de raça. Por isso, hoje, quem estuda a questão da relação entre as pessoas e os povos levando em consideração vários valores, não só a sua cor de pele, tais como: cidadania, cultura, classe social, origem, hereditariedade etc., indica que é muito mais salutar definir uma pessoa pela sua etnia e como ela se autodefine, que por sua raça.

Mas eu entendo essa pergunta. Eu, um homem fenotipicamente de pele escura ou um negro retinto, não tenho dúvidas de que sou realmente negro, não só nos critérios do IBGE. Mas algumas pessoas do teste, no máximo, seriam pardas, o que para o IBGE também é negro. Mas mesmo nessa entrevista de poucas pessoas ao meu redor, eu podia reparar em pessoas que, mesmo sendo negras, porém de pele bem mais clara, ou seja, um pardo bem mais claro, aquelas pessoas que, quando alisam o cabelo, botam uma boa roupa, passam muito bem por uma pessoa branca. Essas pessoas não são seguidas em lojas, são bem atendidas em lugares de rico, entram em restaurantes tranquilamente ou moram em condomínios de luxo sem serem humilhadas por outro morador e jamais vão levar um enquadro na rua da polícia.

Então, essa pergunta é para essas pessoas, e talvez o que elas falem ajude o examinador a defini-las como negras. Porque mesmo você tendo uma pele mais clarinha, sendo um pardo bem clarinho, feições finas, tendo baixa estatura, mas morar na favela, você é preto. Mas se você tiver dinheiro, pertencer à classe média ou ficar rico, será reconhecido e tratado como branco, um branco sujo, mas um branco.

Uma outra coisa que percebo também com relação a essa confusão que acontece hoje é sobre o que é ser racista ou não. As pessoas acham que gostar de pagode, de samba, de carnaval, de transar com um homem ou uma mulher negra, os torna menos racistas. Alguns autores e estudiosos modernos falam sobre a sexualização do homem negro, onde ele é sempre identificado pelo tamanho do seu pênis, como sendo a coisa mais importante na sua constituição física e até mesmo da sua personalidade, o que já acontecia há muito tempo com a bunda das mulheres negras. Isso vem desde a escravidão; homens e mulheres negras sempre foram sexualizados e considerados escravos sexuais ou objetos de diversão para homens e mulheres brancos satisfazerem sua libido e abrandarem suas inseguranças e melhorarem sua autoestima. É muito mais fácil gostar de ver pretos e mulatas na avenida, mas é muito difícil receber ordens de um homem negro que é mais inteligente e mais capaz no exercício de uma função de superioridade.

Por isso, o sistema fascista impede que homens e mulheres negras cheguem a posições de poder, e muitas vezes a própria pessoa branca progressista não percebe o quanto ela alimenta esse sistema racista que naturaliza questões como achar uma mulher preta bonita na avenida num desfile de carnaval, e feia vestida de terninho sendo a gerente do banco, ou desfilando alta costura numa passarela da moda. O mesmo acontece quando ao ver um homem preto jogando futebol e vê-lo sendo técnico do time. Ou ver um homem preto assentando um tijolo com perfeição e ele assinando o projeto arquitetônico de um edifício. Ou ainda ver um homem como auxiliar parlamentar ou como um deputado, um prefeito, um governador, ou até presidente da república. E aqueles que conseguem furar essa bolha e serem eleitos são considerados a regra, mas na verdade são a exceção, e raramente são eleitos para os cargos de prefeitos ou governadores, no poder legislativo, eles não fazem parte de um coletivo, então eles não mandam, por isso são eleitos, o que não pode ser dito de cargos do executivo.

No inconsciente coletivo da população brasileira, homens e mulheres negras não podem comandar, não sabem comandar, não têm capacidade intelectual para comandar. Isso é uma retórica repetida inconscientemente pela população. E até mesmo pela população negra que se limita e se autossabota, pois não se acha com direito de ter uma vida confortável ou assumir cargos de poder.

Sabemos que homens e mulheres, independentemente da sua cor, têm a mesma capacidade intelectual, e que, percentualmente, quase 60% da população brasileira é preta ou parda. O que significa que se essas pessoas assumissem cargos de poder ou cargos que precisam de alto desempenho cognitivo para ações tecnológicas, o Brasil daria um passo gigantesco em relação aos outros países do mundo. O racismo é um sistema que impede que a maioria da população brasileira tenha acesso a cargos de poder, a empregos de tecnologia, a cargos em que precisa ter um grande conhecimento tecnológico ou a formação acadêmica de ponta, como mestrado e doutorado. Isso faz com que o Brasil esteja atrasado em vários anos em relação a qualquer país onde isso não aconteça.

Voltando ao exame de heteroidentificação, na minha definição de por quê eu sou, e porque me considero negro, eu só consegui responder o óbvio: sou negro porque sempre me senti assim, sou negro por causa da minha família que me fez ter orgulho de ser um homem negro, por causa da minha origem suburbana que me fez ver pessoas honradas, fortes e inteligentes parecidas comigo, da minha classe social que me fez lutar muito mais do que os meus amigos de pele mais clara, e sou negro porque apesar de tudo que passei, a minha resiliência me fez chegar até aqui.


Valdemir Costa


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  • Editora: Clube de Autores
  • Ano: 2025
  • Idioma: Português
  • ISBN: 9786501345994
  • Nos tempos em que o mundo parecia menor, menos conectado e mais distante das telas brilhantes que hoje nos rodeiam, havia um Brasil diferente. Um Brasil que, aos olhos de uma criança dos anos 70, era feito de mercadinhos apertados e prateleiras quase vazias. A memória daqueles dias ainda ecoa na mente do narrador, como se fosse ontem. Ele ia com a mãe às compras uma tarefa simples, mas que carregava consigo toda a complexidade de uma época marcada pela escassez. O mercado grande, aquele onde as pessoas sonhavam em entrar para comprar algo além do básico, estava longe de ser acessível para todos.

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"A Bolha - Senzala Digital" é fruto da vasta experiência de Valdemir Costa como ativista cultural e estudioso das questões raciais. O autor traz uma abordagem interdisciplinar, combinando conhecimentos acadêmicos, experiências pessoais e práticas de empoderamento, para apresentar um olhar crítico sobre o letramento racial e a conscientização das questões raciais na atualidade.

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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Conhecimentos Específicos – Técnico em Equipamentos Médicos, Hospitalares e Odontológicos

Organização Estruturada dos Conteúdos

1. Língua Portuguesa

Subtemas:

  • Leitura e Interpretação de Textos
    • Compreensão de textos literários e não literários.
    • Identificação de sentidos próprio e figurado das palavras .
  • Gramática e Morfologia
    • Classes de palavras: substantivo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição e conjunção (emprego e sentido).
    • Sinônimos e antônimos.
    • Pontuação: uso correto de vírgulas, pontos, dois-pontos, etc.
  • Concordância Verbal e Nominal
    • Regras de concordância aplicadas em diferentes contextos.
  • Regência Verbal e Nominal
    • Uso correto de preposições exigidas por verbos e nomes.
  • Colocação Pronominal
    • Próclise, ênclise e mesóclise.
  • Crase
    • Regras de uso e casos específicos (substituição por termos masculinos) .

Técnicas Recomendadas:

  • Mapas mentais para gramática e morfologia .
  • Resumos e fichamentos para fixação de regras de concordância e regência .

2. Matemática e Raciocínio Lógico

Subtemas:

  • Matemática
    • Operações básicas: adição, subtração, multiplicação, divisão, potenciação e radiciação.
    • Mínimo múltiplo comum (MMC) e máximo divisor comum (MDC).
    • Porcentagem, razão e proporção.
    • Regra de três simples ou composta.
    • Equações do 1º e 2º graus.
    • Sistemas de equações do 1º grau.
    • Grandezas e medidas: tempo, comprimento, superfície, capacidade, massa.
    • Tratamento da informação: média aritmética simples.
    • Noções de geometria: formas, ângulos, área, perímetro, volume, Teoremas de Pitágoras e Tales.
  • Raciocínio Lógico
    • Estruturas lógicas.
    • Lógica de argumentação.
    • Diagramas lógicos.
    • Sequências numéricas e padrões.

Técnicas Recomendadas:

  • Cronograma detalhado para revisão de tópicos matemáticos .
  • Resolução de exercícios práticos para raciocínio lógico e matemática .
  • Técnicas de intercalação entre teoria e prática para fixação .

3. Legislação Municipal

Subtemas:

  • Estatuto do Servidor Público de Campinas – Lei Municipal nº 1.399/55
    • Artigo 15.
    • Artigos 184 a 204.
  • Decreto Municipal nº 21.019/2020
    • Programa de Avaliação Probatória do Servidor.

Técnicas Recomendadas:

  • Leitura atenta e resumos esquematizados para cada artigo relevante .
  • Releitura e fichamento de pontos-chave da legislação .

 

Subtemas:

  • Equipamentos Odontológicos
    • Conceitos e funcionamento.
    • Instalações hidráulicas e elétricas em consultórios odontológicos.
    • Orientação aos usuários sobre uso adequado de aparelhos.
    • Dimensionamento de equipamentos e espaço de trabalho.
    • Conservação, limpeza e manutenção de equipamentos.
    • Montagem e instalação de autoclaves.
    • Controle de infecção e biossegurança: assepsia, antissepsia e esterilização.
    • Normas técnicas de descontaminação, limpeza, desinfecção e esterilização.
    • Estocagem de materiais e equipamentos.
  • Riscos Ocupacionais
    • Riscos em ambientes odontológicos.
    • Equipamentos de proteção individual (EPI) e coletiva (EPC).
  • Manutenção de Equipamentos
    • Manutenções preventivas e corretivas.
    • Instrumentos de medição de grandezas elétricas.
  • Eletrônica e Eletricidade
    • Sistema Internacional de Medidas.
    • Análise de circuitos em corrente contínua e alternada.
    • Leis de Kirchhoff.
    • Teoremas de Norton e Thévenin.
    • Associação de resistores, capacitores, indutores e impedâncias.
    • Potências ativas, reativa e aparente.
    • Resolução de circuitos com uma e duas malhas.
    • Instalações elétricas de baixa tensão.
    • NBR-5410: diagramas multifilar e unifilar.
    • NR-10: segurança em instalações elétricas.
    • Curto-circuito e seletividade.
  • Eletrônica Analógica e Digital
    • Dispositivos semicondutores: diodos e transistores.
    • Retificadores e amplificadores operacionais.
    • Circuitos básicos com semicondutores.

Técnicas Recomendadas:

  • Divisão dos conteúdos em blocos temáticos (ex.: eletrônica, manutenção, biossegurança) .
  • Uso de mapas mentais para sistemas elétricos e eletrônicos .
  • Prática com exercícios e simulações para consolidação de conceitos .

Plano de Estudo Sugerido

  1. Defina Objetivos Claros
    Exemplo: "Dominar os conceitos de crase em Língua Portuguesa" ou "Resolver problemas de circuitos elétricos"

    7

    .

  2. Crie um Cronograma
    Distribua os temas ao longo de semanas ou meses, priorizando áreas mais complexas

    8

    .

  3. Escolha o Local Ideal
    Um ambiente organizado e livre de distrações é fundamental

    2

    .

  4. Utilize Técnicas Eficazes
    Combine mapas mentais, resumos e fichamentos para otimizar o aprendizado

    6

    .

  5. Revisão Constante
    Reserve tempo para revisar conteúdos já estudados, garantindo a fixação

    5

    .


Essa organização permite abordar os conteúdos de forma estruturada, facilitando o entendimento e a preparação para avaliações ou atividades práticas.